sábado, agosto 26, 2006

Me Arrasto em Correntes

Nem o ar que respiro
Vale mais que tua presença,
E os segundos que passo em tua ausência,
São, agora, os carrascos
Que me matam aos poucos,
Sufocado, com a vida distante de mim!

Busco forças na imagem
De teu rosto, em minha memória!
Sobrevivo às últimas,
No esforço extremo
De seguir sem respirar teu perfume!

As horas passam!
A distância aumenta!

Me arrasto em correntes,
Da dor de não te poder beijar!


Jorge Alberto Neves*
02/04/2006 - 16:26:58


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Criancas Alegres a Brincar

A Dor e o Amor
Brincam em meu peito,
Feito duas crianças alegres,
Consumindo minhas forças,
Na saudade que meu corpo
Sente do teu!

Teu bailar, teu olhar!
... Teu cheiro e doce sabro!
Me fazem a falta
De um alimento dos deuses,
Como a ambrosia no Olimpo!

E, por mais que mil concubinas eu tivesse,
E seus carinhos, beijos e afagos,
Me fossem perpetuamente oferecidos,
Nada disso apagaria
A ausência tua,
Que me doi na alma,
Como a cruel ferida
Da arma de meu cruel inimigo!

Rio de mim mesmo,
Pois, enquanto sofro nestas linhas tolas,
De um poeta saudoso e apaixonado,
A Dor e o Amor,
Agora, chamam a Saudade,
E, à distância, começam a brincar!


Jorge Alberto Neves*
01/04/2006 - 09:46:49


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O Presente do Menino Abandonado

O carinho de teus cuidados,
Me embala em suave ternura,
Embora não te veja o rosto
No dia que passa
E não ouça tua voz suave e doce...

Como se fosse um sonho,
Imagino encontrar-te e rir-me!
Feliz estaria eu,
Se tua presença se me fizesse como presente
De um menino abandonado
E longe de sua casa!

Mas, acordado, então
Pelo dever de ser adulto, outra vez,
Deixo minhas palavras como
Lembranças da loucura
E da ternura com que,
Mesmo longe, tu cuidavas de mim!


Jorge Alberto Neves*
04/03/06 - 10:20:10


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Um Tolo Sonho Infaltil

I

Minha morte se anuncia,

Mas não aquela que à carne deteriora...

Vai-se minh'alma errante,
Em um mundo que
Me é por demais hostil!

Não sobreviverei e nem minhas idéias irão!
Apenas, me tornarei lembrança longínqua,
Destas que so nos vem em dias de finados...

Além disso, estarei morto
E como um sonâmbulo eu serei!
Condenado ao pesadelo
Que se tornou minha vida de doce e tolos sonhos infantis!

Ah! Como os pensei verdadeiros!
... Como dei meu sangue
Por algo que, agora, se torna tollice;
... Assume a forma que todos,
Ao meu redor, atribuíam!


II

Como vencido, eu tombo na batalha!
Perdi o sentido e não sei mais por que lutar!

Passo dias, nada mais!
Existo perdido em meus pensamentos insanos...
... morro a cada dia
Por não mais viver
A vida que sonhei para mim!


Jorge Alberto Neves*
28/02/2005 - 13:46:48


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sexta-feira, agosto 25, 2006

A Rosa, O Barco e o Voar

(I)

...Uma rosa cresce à beira do cais
é linda pois o mar assim a fez...
Ah... Banhar-se às águas quer demais
Para ser gaivota e voar talvez...

Poesia...! Ah!... Poesia!
Navega a vida como navio solto
sem corroer-se com a maresia
Apenas nadar todos os mares é pouco

Para o pequeno barco a sair de mim
Abandonando-me como um viandante
Numa maneira louca, descontrolada assim

Ao meter-se por entre os mares
Do abismo profundo, sem fim,
Numa ânsia de viver, de navegares!


(II)

Em terra firme me sinto eu!
Sou o próprio chão que piso,
Como o barco que era corpo meu
A vida que em mar naveguei, como preciso

Ser aventureiro e desbravar
A mata linda que desconheço!
Ver! Sentir! Aprender a chorar
Ao compreender a vida em seu profundo começo!

Não pertenço mais ao mar, talvez!
Amo à terra firme do barro que vim
E do sopro que me adentrou de vez

Os caminhos de meu eu sem fim
Animando-me a vida divina
Conduzindo-me à loucura de amar assim!


(III)

Parar à margem, à praia...
Observando a natureza tão bela.
As gaivotas voam e como baila
Minh’alma enquanto a viagem espera!

Ao fim que todos sonhamos
Às terras d’além mar!
Ah!... Paz é tudo o que buscamos
Partir! Navegar! Sem saber voltar

Ao porto de minha infância perdida
Nas lembranças que estranho ser eu
D’um passado na vida vivida

Ao sabor d’uma loucura qualquer
Vendo! Aprendendo, talvez a amar
A busca louca que Amar somente quer!


(IV)

Outras terras e mares virão
Com a maré que traz todos os sonhos
Do menino ao qual o peito invadirão
Os sentimentos de um homem tristonho...

Incompreendido na sua natureza
Em sua própria concepção de ser
À mercê do mundo e da malvadeza
Por Amor alucinado no peito ter!

... Somente ao mar minha alma é livre
podendo voar por onde quiser
E não um trapo humano que apenas vive.

Saborear a brisa fresca que Deus me deu
Banhar-me nas águas que são lindas
Decifrando todo um enigma de ser eu!


Jorge Alberto Neves*
06.02.88 – 17:00:00


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Um Lindo Dia Lindo

Mas hoje é um dia tão lindo
daqueles nos quais o Sol
nos queima as costas
conforme andamos pelos campos
observando os passarinhos a cantar

Mas olha que coisa mais rica,
o verde da grama realçando
com o azul do Céu e o
branco das nuvens, altas,
passeando de lá para cá,
nos dando um “que” de inveja
por não voarmos tão fácil assim...

Com certeza, minha alma, livre, agora,
voa os céus da beleza deste dia
que me tocou tão puro, hoje.
Mas eis que, mesmo com as
pesadas nuvens que vejo ao longe,
Não se me perde a memória
deste dia tão lindo
Que me alegrou a alma!



Jorge Alberto Neves*
11.12.01 - 16:19:51


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As Coisas Simples

Escrevo sobre coisas simples
porque são elas que me emocionam
a Alma!

Mas das muitas coisas simples que me
tocam de modo profundo,
o sorriso de uma criança
é o que melhor traduz
a Loucura de minhas palavras!

A menina sorri...
Sorri porque ama à tudo.
... Nada cabe em sua alma
senão o Amor.
E, por isso, diante do horror da
Morte - com certeza para aqueles
que são mortais, não eu - ela sorri,
pois em tudo vê o Amor!



Jorge Alberto Neves*
22/12/00 - 23:40:00


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A Poesia, A Música e a Insanidade

A poesia, a música e a insanidade
Insistem em visitar meus sonhos
De modo a que eu me perca
Em devaneios, em nuvens
E não veja onde pousa minha alma doída e inconformada.

Imagens em minha memória
Traem meus amores e ódios.
Experiência perdida é o meu passado
Apaixonado, que de bom, nada restou!


Somente ficou a dor traduzida em verso!
... há, apenas, um remorso de
não ter sido intenso, desmedido...!

Há a saudade do que não se foi
E a dor de nada ter tido de bom!
Hoje, a memória que há
É um amontoado de tristezas...
Coisas irrealizadas, atos não havidos,
Amores perdidos, amizades desgraçadas...

...

Mas o que acho é que a
Poesia, a música e a insanidade
Me atribuem uma lucidez estúpida
De somente ver erros em mim mesmo
Sem encontrar a doçura dos versos,
Da alegria das palavras,
Da doçura do toque e o frisson das carícias!

... Sim! Deve haver algo de digno
que a lucidez não atinja!
... algo que a música possa embalar,
a poesia em versos exaltar
e a insanidade, a irmã de todos nós,
tempere com a doçura selvagem
de ser puro e inocentemente
amante, criança, poeta!


Jorge Alberto Neves*
06.07.02 – 11:41:00



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